com a palavra

'A missão da igreja deve ser integral, ou seja, além da religião', afirma pastor Pedro Araújo

Rafael Favero

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal

Nascido em Parnaíba, no Piauí, o pastor Pedro de Carvalho Araújo está em Santa Maria desde 2000. Casado com a pastora, teóloga e psicóloga Denise Flores Araújo, no Coração do Rio Grande, ele fundou, há 15 anos, o Templo das Nações. Situada na Avenida Presidente Vargas, a igreja tem, atualmente, cerca de 1,2 mil membros. O pai de Isabely, 15 anos, e Israely, 12, é formado em Psicologia pela Unifra, atual Universidade Franciscana (UFN), e em Teologia, pela Faculdade Boas Novas. Nesta entrevista, prestes a completar 46 anos, o pastor fala, entre outros assuntos, sobre a sua trajetória ligada à propagação da fé e os sonhos para a igreja. 

Diário - Seu ministério se iniciou ainda na infância?

Pedro de Carvalho Araújo - Sim. Quando minha família se converteu, eu era criança. Aos 9 anos, tive uma experiência com o Espírito Santo, ou seja, senti o quanto o amor de Deus era real. A partir daí, passei a sentir o desejo de pregar a palavra de Deus. Apaixonado por esse chamado, em tudo eu via um culto. Ia para o quintal e falava do amor de Deus até para as árvores. O primeiro texto bíblico que mencionei em público foi João 14, um dos quatro evangelhos. Desde sempre, amo, leio a Bíblia e a tenho como principal conselheira.

Diário - Ainda lembra da primeira ministração em público?

Pastor Pedro - Sim. Também aos 9 anos. Minha voz já era firme e eu tinha convicção do que dizer. Comecei a falar dentro de uma casa, para poucas pessoas, até que vizinhos se aproximaram. Quando o lugar lotou, me levaram para a calçada e segui a ministração. Depois disso, enfrentei vários desafios e, mesmo assim, nunca parei de dizer o quanto amo a Deus e o quanto ele é fundamental na existência humana.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal
Com Israely (a partir da esq.), Denise e Isabely, a maior riqueza do pastor

Diário - Nordeste, São Paulo, Santa Maria. Por que o Rio Grande do Sul?

Pastor Pedro - Tudo é propósito de Deus. Sou nordestino, morei em São Paulo e conheci Denise, que é gaúcha, no Pará. Ela morava em Marabá, com a irmã e o cunhado, que é militar. Naquela época, eu fazia conferências por vários Estados e em outros países. Quando a vi, foi amor à primeira vista, sentimento que só aumentou em 21 anos de casamento. Naquele dia, não nos falamos. Um ano depois, nos reencontramos em Santa Maria e, então, não perdi a oportunidade de pedi-la em namoro. Em 1998, nos casamos e fomos morar em São Paulo, onde eu pastoreava uma denominação. Em 2000, retornamos a Santa Maria. Quatro anos depois, fundamos o Templo das Nações.

Diário - O pastorado é uma missão?

Pedro - Com certeza. Até então, não pretendia ser presidente de uma denominação. A decisão pelo pastorado deve ser sob um chamado divino, independentemente de outras possibilidades.

Diário - Mas, além do chamado, há uma preparação?

Pedro - Há, sim. Isso é fundamental. Não se abre uma igreja como se fosse um negócio. Mesmo com muitas dificuldades, segui a minha missão. Ao longo do ministério, busquei crescer em vários aspectos, sempre no objetivo de fazer a obra de Deus com excelência. Além de cursos de gestão pessoal e eclesiástica, com base bíblica e em conhecimentos gerais, sou formado em Psicologia. Minha esposa e eu decidimos por esse curso tendo em vista a responsabilidade de aconselhar os frequentadores da igreja.

Diário - Como a formação em psicologia auxilia nessa rotina?

Pedro - A psicologia, entre outras ações, trabalha o emocional do indivíduo, já a visão pastoral foca na espiritualidade. É um casamento perfeito. Nem tudo é espiritual. Muitos aspectos da vida são emocionais, de ordem física. Com a graduação, passei a entender melhor o ser humano. Quando alguém pede um conselho, como pastores, tendemos a dizer o que ele tem de fazer. A psicologia ensina que a pessoa deve encontrar o caminho. Tenho um canal no You Tube, onde posto mensagens de fé e valorização da vida.

Diário - O senhor administra uma igreja que agrega todas as faixas etárias e está inserida em várias ações sociais.

Pedro - Há 14 anos, temos um projeto social registrado, o Nações em Ação, que acolhe cerca de 50 crianças em situação de vulnerabilidade social. Funcionamos com estatuto, CNPJ, contador e diretoria. Prestamos conta de tudo. Nosso papel é pensar no indivíduo, no outro. Não podemos chegar em alguém faminto e dizer "Jesus ama você" ou "Ele é o pão da vida" e deixar a pessoa com fome. Temos que fazer o possível para atendê-lo em suas necessidades.

Diário - É uma missão que vai além do templo físico?

Pedro - Sim. O objetivo do Nações em Ação é cuidar de quem, muitas vezes, vive sem esperança. A missão da igreja deve ser integral, além da religião. Consiste em levar os fundamentos do cristianismo, como amor, solidariedade, empatia, desenvolvimento pessoal, entre outros aspectos, a todas as esferas sociais. Somos comprometidos com uma das principais necessidades do senhor humano, ou seja, compreender sua identidade e destino, sem tirar de ninguém o amor pela tradição, família ou podar uma cultura já estabelecida. Jesus, mais do que ninguém, respeita o ser humano.

Diário - De que forma a missão integral se efetiva no Templo das Nações?

Pedro - Quando se olha além da igreja física. Auxiliando pessoas em vulnerabilidade social, atuando em hospitais e nos sistemas prisionais. Acolhemos todas as faixas etárias. Nossas crianças, jovens e adolescentes têm celebrações específicas, bem como os idosos. Somos uma igreja só, mas que pensa tanto no individual quanto no coletivo.

Diário - Nesta trajetória, o senhor também prioriza o conhecimento.

Pedro - Investimos em um departamento de ensino, que vai da Escola de Princípios, que dá base ao conhecimento bíblico, Escola de Líderes e seminários à faculdade de Teologia reconhecida pelo Mec. Contamos com cursos da Universidade da Família e do Marriage Ministries International (MMI), que se dedica ao cuidado com as famílias. E o que dizer do Moto Grupo Templo das Nações e do Ministério Tradicionalista, que, em várias iniciativas, representa o nosso amor pelo Rio Grande.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal
Em setembro, o pastor palestrou para 8 mil expectadores em Belém do Pará

Diário - O que vem pela frente?

Pedro - A construção de uma nova sede para o Templo das Nações. Quando começamos a igreja, ela ficava em frente à sede atual, na Avenida Presidente Vargas, em um local menor. Depois, alugamos o terreno, onde estamos atualmente. Como o contrato era para quatro anos, construímos a igreja com pré-moldados, tijolo à vista, vidro e telha. Caso o dono não quisesse renovar, perderíamos apenas os tijolos e o piso. Em dois anos, efetuamos a compra e adquirimos outros terrenos à volta. Não sei como iremos construir a nova sede, mas vamos conseguir. Vai ser um espaço para cerca de 4 mil pessoas. Pretendemos, ainda, consolidar a capacitação de líderes na prevenção do suicídio. A responsabilidade da igreja é fundamental nessa causa.

Diário - Defina sua relação com Santa Maria.

Pedro - Minha esposa e minhas filhas são santa-marienses, me considero desta terra. Por meio das células, grupos pequenos que se reúnem em muitos bairros da cidade, trabalhamos por uma Santa Maria mais forte e resiliente. Acredito em nossos potenciais. E, como costumamos dizer, não queremos a cidade na igreja. Nosso alvo é sermos uma igreja na cidade. Com a ajuda de Deus, iremos chegar em cada canto do Coração do Rio Grande, Estado pelo qual sou apaixonado.

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